30.11.12

Sant'anna da Feira - Terra de Lucas


Sábado, 1º de dezembro de 2012, às 19h no MAC Feira, lançamento do álbum em quadrinhos Sant´anna da Feira - Terra de Lucas, de Helcio Rogério e Marcos franco. Conta a trajetória de Lucas da Feira, escravo rebelde e vulto histórico da resistência de Feira de Santana, na Bahia. Mais informações no Blog do MAC.

27.11.12

Entrevista: ZILSON (Zeck) COSTA


Diga seu nome, idade, onde nasceu e onde mora atualmente.
Zilson Costa (Zeck). Nasci em São Luís e moro na região metropolitana da cidade, em Paço do Lumiar.

Lembra qual a primeira HQ que você leu?
Lembro muito de uma revista do Homem-Aranha que meu pai comprou pra mim na feira do Maiobão (bairro de Paço do Lumiar, região metropolitana de São Luís), quando eu era criança. Tinha o Duende Verde, os Executores e o Hulk. Mas a primeira revista que eu li foi uma do Fofão, que mamãe lia pra mim. Um dia, ela se cansou de ler a mesma revista e eu tive que me virar (risos)!

Qual desenhista\roteirista ou personagem era seu favorito nessa época?
Bom, nessa época, eu era fã dos personagens, em si. Mas quando comecei a realmente entender os quadrinhos, meus artistas favoritos eram principalmente o mestre John Buscema, seguido por John Byrne e o Romita Sr.

Como e quando você descobriu a aptidão pros desenhos?
Desde criança, eu era vidrado nos desenhos animados. Homem-Aranha, He-Man, Super Amigos, Tarzan...como eu ficava muito tempo em frente à TV, volta e meia ficava rabiscando. E sempre fui incentivado por meu pai a desenhar cada vez mais. Ele até fez uma moldura para um desenho do Conan que pintei há muito tempo.

Qual material você usa pra trabalhar? E qual você não recomenda?
Bom, passei a utilizar novamente um material mais profissional depois de receber um puxão de orelha do Ed Bennes, ao enviar testes de arte-final pra ele. Com o advento dos computadores, passei a dar menos importância aos originais. Utilizava até folhas de papel sulfite, formato A4, indo contra todos os ensinamentos de meus amigos e mestres, como Joacy Jamys, por exemplo. Agora, voltei a usar papel supremo 250 e papel 60 kg. Uso também pincel pêlo de marta nº zero, canetas nanquim 0.1, 0.2, 0.3, 0.4 e 0.8, além de esquadros e curvas francesas para arte-final. Para desenhar, uso uma grafite 0.7, com ponta macia 2B. O que NÃO usar? Sulfite A4, lápis nº 2 e caneta bic. Ufa!

Já fez algum curso de desenho pra desenvolver o traço?
Fiz, sim. Em 1996, entrei em um curso de desenho de anatomia, ministrado por Rogério Martins, grande artista plástico maranhense. Lá, conheci Joacy Jamys e a maioria dos meus companheiros de Fator RHQ. Após esse curso, também participei de um curso ministrado por  Joacy sobre a produção de quadrinhos e estudei anatomia com Binho Dushinka, outro expoente da arte maranhense. Bom, ainda estou longe, mas continuo estudando. Quem sabe um dia, a gente chega lá.

Você fez parte de um dos grupos de quadrinhistas mais produtivos do Maranhão, o Fator RHQ. Conta mais um pouco sobre o grupo.
Pois é. O Grupo surgiu justamente nesse curso ministrado por Rogério Martins. Fizeram parte dessa turma: Ricardo Pontes, Tony Machado, Bruno Azevêdo, Ademar e eu. Ao conversar com Joacy e começarmos uma amizade, descobrimos que era possível produzir quadrinhos de forma independente. Assim, resolvemos criar o grupo e produzir nossas próprias HQs. Nosso primeiro lançamento só ocorreu em 1998, após dois anos de conversas e reuniões. Mas o grupo conseguiu alguns méritos e o maior de todos foi ter participado de uma exposição em Portugal e ganhar até prêmio de Menção Honrosa com a revista Área de Mancha nº 1. 
Já chegamos a ter um número muito grande de membros. Entre eles estão Carlos Baima, Samyra, Djalma Lúcio, Gabriel Girnos, Diogo Henrique, Gilson César, Eduardo e Kelly. Nessa época, desenhei algumas charges para jornais de São Luís, ilustrei um livro de poesias intitulado “Travessia Sem Fim”, trabalhamos em conjunto na Feira do Livro do SESC, ilustrei uma cartilha em quadrinhos sobre consórcio para a AUVEPAR, participei de vários concursos de cartum no Brasil e no exterior. Inclusive, ganhei alguns prêmios como a Mostra Maranhense de Humor, onde em 2002, fui premiado como melhor cartum maranhense e várias menções honrosas. Com o tempo, o grupo se esfacelou e ficamos Tony Machado e eu na incubência de manter o selo do grupo. Foi quando recrutamos o artista Riccelle Sullivan para criarmos a revista Comicstation, que foi lançada com um cunho mais profissional, com personagens contínuos  e saiu em bancas. Durou oito números e até hoje foi a publicação independente maranhense que mais tempo esteve em bancas. Também participaram dessa fase Olavo Coelho e Rayanderson Oliveira. 

Vocês ainda mantém contato ou tem algum projeto em comum?
Bom, hoje o grupo continua produzindo e lançando material de quadrinhos, cada um com seu próprio personagem, mas mantendo o selo Fator RHQ.

E esse nome artístico, Zeck, como surgiu?
Bom, isso foi a partir de 1997, quando ocorreu o boom de artistas brasileiros no mercado americano. Eu tinha 17 anos e segui o exemplo dos artistas da época, que adotaram nomes americanizados, como Roger Cruz, Mike Deodato e Joe Bennet. Escolhi  Zeck, como referência a Zilson. Como assino Zeck, acabou ficando.

Quais personagens você criou e quais já foram publicados?
Bom, ajudei na criação do Capitão Brasil, que foi publicado na revista Área de Mancha. Também criei um personagem adolescente chamado Roberto, que só teve duas HQs publicadas na Área de Mancha e em um fanzine do Marcelo Maratt chamado DESATENÇÃO, simultaneamente.  Também fiz uma HQ do personagem Jeremias, que era o Homem-Mosquito, publicada no fanzine Vitamina HQ. Mas entre os personagens fixos, tenho o Homem-Caveira ,que publico continuamente em uma revista de mesmo nome e é o mais importante deles. Foi um personagem que criei quando ainda estudava e cursava a oitava série. As primeiras HQs do Homem-Caveira, inclusive, foram escritas nessa época. E no universo do Homem-Caveira, um personagem que brinca com o universo dos super-heróis, tenho o Homem-Poodle, Palhaço do Crime, Estrela Ponto Com e Legião Brasileira dos Super-Heróis. Inclusive, no ano passado, uma HQ do Homem-Caveira foi publicada em um fanzine  do Denilson Reis. E em 2010, fizemos uma parceria com o Chagas Lima.

Conta pra gente o calvário que é publicar revista própria no Brasil e, principalmente, no Maranhão.
É realmente muito difícil. Patrocínio? Complicadíssimo. Acabamos tendo que fazer tudo sozinhos mesmo. As dificuldades são imensas, até porque a maioria dos colaboradores tem outros empregos, não vivem de produzir HQs. Então, tenho que escrever, desenhar, colorir, imprimir, vender. Comprei uma máquina de Xerox pra mim e imprimo o miolo das revistas em casa mesmo. Mas a capa tem que ser feita em gráfica. Então, sai tudo do bolso mesmo. Mas continuamos brigando. Uma hora, dá!

Você tem formação acadêmica. Usa HQ como material didático na sala de aula? De que forma?
Sim, sim. O sétimo ano do ensino fundamental tem no currículo da disciplina Arte um módulo sobre Histórias em Quadrinhos. Então, há dois anos, desenvolvo um projeto com os alunos, onde eles lêem quadrinhos em sala de aula, assistem documentários e vídeos e produzem suas próprias HQs. Ao final do projeto, levo artistas maranhenses para conversar com os alunos sobre o assunto e apresentar originais. Sendo que os alunos previamente ficam conhecendo o trabalho dos artistas.

Os alunos assimilam mais facilmente o modo de aprender através das HQs?
Sim, inclusive a parte de leitura ajuda muito na compreensão textual e na criatividade. Além de influenciar na disciplina. E a ideia já está sendo adotada também pela professora de Língua Portuguesa do 6º ano.

E quanto aos diretores e demais corpo docente, eles impõem alguma barreira quanto ao uso das HQs em sala de aula?
De forma alguma. Eles inclusive apóiam no que é necessário. Temos um grupo muito unido, ainda mais porque trabalhamos na zona rural de São Luís.

Você também produziu artesanalmente o documentário QUADRINHOS PRODUZIDOS NO MARANHÃO. Fala pra gente sobre esse trabalho.
Pois é. Esse trabalho surgiu como uma maneira de homenagear meus amigos artistas, registrar a produção local e, principalmente, era material didático para minhas aulas. Então, convoquei caras que se destacam como grandes artistas de quadrinhos, tais como Beto Nicácio, Tony Machado, Riccelle Sullivan, Rafa Santos, Well Jun e, claro, Rom Freire. Claro que outros artistas excelentes ficaram de fora, mas tudo foi questão de tempo e disponibilidade. Gravamos em uma tarde, na casa de Tony Machado, com uma câmera digital comum, iluminação de uma luminária comum, tudo muito simples mesmo. Mas achei que os depoimentos estavam tão legais que decidi fazer algo a mais. Chamei minha mulher pra apresentar o documentário, produzi a música junto com meus amigos de banda, uma animação na abertura e tudo o mais. E pensei: “já que chegamos até aqui, porque não ir mais longe?”. Então, fizemos um lançamento no SESC, exibi em escolas como o Liceu maranhense e participei do Movimento Hotspot, onde fui selecionado entre os melhores, veja só.  Também divulgamos o documentário na TV local e está disponível no YoutubeBom, e foi isso. Um trabalho gratificante, onde presto homenagem a Joacy Jamys, aos quadrinhistas do maranhão, grandes amigos meus, um documento histórico e material didático para meus alunos. Acho que foi missão cumprida, apesar de dificílimo também.

Hoje em dia, todo desenhista cobiça uma vaga no concorrido mercados dos comics norte americanos. Você já fez testes pra lá? E o mercado nacional?
Fiz teste de arte-final para o Ed Bennes Studio e para a Turma da Mônica. Não consegui trabalho com eles ainda, mas isso me rendeu dicas preciosas para melhorar meu trabalho. Foi a primeira vez que fiz teste para o mercado, pois eu só pensava em desenhar minhas próprias HQs, visto que tenho um emprego fixo. Fiz também um teste de desenho para o Rascunho Studio, mas ainda não recebi resposta. Mas continuo treinando e produzindo. Não tem outro jeito para se profissionalizar. E ainda quero sim, trabalhar profissionalmente com quadrinhos, seja no mercado americano, europeu ou nacional.

E os novos projetos?
Lançaremos ainda em novembro de 2012 a edição nº 4 do Homem-Caveira, com uma história que é uma brincadeira com o personagem Jaspion. Também temos a edição nº 1 da revista Lápide, com teor mais de suspense e terror. As edições nº 5 e 6 do Homem-Caveira estão a cargo de dois ótimos artistas locais: Rafa Santos e Rayanderson Oliveira. E a edição nº 2 da Lápide está em produção a cargo de Wallace Rodrigues. E atualmente, estou desenhando uma HQ para o selo Novo Sistema, de Riccelle Sullivan, com um personagem do universo do Homem-Camaleão. E também estou buscando conseguir trabalho profissional no mercado de HQ’s. Bom, é isso. E vamos em frente!

Além do trabalho, estudo, produção de documentário e HQs, você ainda arruma tempo pra tocar rock com as bandas Bad Fellas e Os Transados. Conta pra gente sobre elas.
Pois é. Isso é outra loucura. Desde 1998 que toco guitarra e violão. Então, chamei uns amigos pra formar uma banda de rock e tals. Isso foi em 2002, quando tocávamos na igreja católica. A banda inicialmente se chamava Crisálida. Nessa época, tocávamos covers do Black Sabbath, Iron Maiden, Legião Urbana, Titãs e tudo o mais. Gravamos uma demo, participamos de concurso da TV Mirante, gravamos clipe no Betto Pereira (programa da variedades local) e tocamos em tudo que é lugar. Mas a banda acabou em 2006. Em 2007, junto com o Francisco Almeida, um grande amigo, criamos a banda Os Transados, com músicas próprias em outras vertentes. Temos de Bossa nova a Reggae e Rock antigo, a lá Elvis Presley e Raul seixas. Desde os tempos de Crisálida, fazíamos um Tributo a Raul e os Transados melhoraram esse show, que acontece todos os anos. Temos também uma demo intitulada Ritmos Quentes. É uma grande piada, um trabalho mais solto, sem pressões. Já tocamos até seresta como Os Transados (risos)!
Já a banda Bad Fellas é uma continuação do trabalho com a Crisálida, só que, obviamente, com mais qualidade. A proposta é tocar covers de grandes bandas como Iron Maiden, Black Sabbath, Mettallica e Judas Priest, além de músicas próprias, claro. Temos algumas já gravadas como demo, mas estamos acertando os ponteiros para gravar em um estúdio profissional, gravar um clipe e seguir em frente também. Nessa banda, temos Jeferson Nogueira na guitarra, Marcus Diego no baixo, Nilson Filho na bateria, Zilson Costa (eu) na guitarra e Vitor Câmara nos vocais. Esse é um trabalho mais “sério”, vamos dizer assim. Bom, é isso. Tento fazer todas essas coisas da melhor maneira possível. Continuar estudando e correr atrás dos sonhos é o mais importante. O resto, vem na hora certa. Agradeço muito a você, Rom Freire, pela oportunidade e parabéns pelo ótimo site. Sucesso na sua carreira, grande amigo. Um grande abraço.

Zeck, o Tinta Nankin agradece a dedicação (e a paciência) em responder tantas perguntas e continue com o grande trabalho que você faz nos quadrinhos, na sala de aula e nos palcos. Abraço.



12.11.12

Entrevista: CARLOS HENRY

Pra começar diga seu nome, idade, onde nasceu e onde mora atualmente. 
Carlos Henrique da Silva, 40 anos, nascido no Rio de Janeiro e vivendo atualmente na Paraíba.

Qual a primeira HQ que você leu? 
Aos 6 anos, quando meu pai voltava do trabalho trazia gibis do Batman e Capitão América, pra mim e meu irmão gêmeo, Beto, ler.

E material nacional, qual você tinha acesso? 
Foi com a revista Spektro, da saudosa Editora Vecchi, onde tinham desenhos sensacionais de Shimamoto, Watson Portela, Elmano, Olendino... Vim conhecer por meados de 1985 o Raio Negro, por uma antologia publicada pela Grafipar. Também Spektreman, os Trapalhões, Histórias Reais de Lobisomen, na Bloch. Depois comprei a coleção completa de Circo, InterQuadrinhos, Porrada Especial, Pau Brasil, Metal Pesado e outras.

Qual desenhista\roteirista ou personagem era seu favorito nessa época?
Watson Portela e Mozart Couto, emparelhados! Dos gringos, John Byrne e George Pérez.

E como você começou a desenhar suas HQs? 
Desde pequeno eu rabiscava cenas de filmes de ficção científica, terror, o seriado dos anos 60 do Batman, Piratas, Dinossauros... depois, com uns 13 anos, passei a criar super-heróis, com muita influência da DC e Marvel. Comecei em 1989/90 a publicar no fanzine Ponto de Fuga, impresso na gráfica da UFRJ. O editor era um atendente de lanchonete que ficava no andar da Escola de Belas Artes, chamado Paulo Henrique. Ele e outras feras participavam, alunos de lá ou não. Eu não era aluno de lá.

Sempre teve acesso a material de desenho ou era difícil achá-los onde você morava? 
Sempre foi fácil. No bairro onde morava tinha duas lojas de material de desenho.

Fez algum curso de desenho pra aprimorar o traço? 
Fiz curso de Desenho de Propaganda, no Senac, basicamente, em 1985 ou 1986, não lembro bem. Antes, meu pai tinha me matriculado no Curso de Desenho Por Correspondência do Instituto Universal Brasileiro, mas achava a linguagem complicada e muito cheio de regras pra época. Tinha só 12 anos.

Quais personagens você criou e quais já foram publicados? 
O mais conhecido, Lobo Guará, foi publicado em título próprio pelo selo Escala Graphic Talents n° 16, em outubro de 2003, num arco completo com 3 HQs a cores: “Sagrado Coração da Terra”, “Inferno Verde” e “Irmãos de Sangue”. Lembrando que foi publicado pela primeira vez em janeiro/fevereiro de 2000 na revista Impacto - Fabricado No Brasil n° 2 , da Taquara Editorial. Nesta versão, estreou em P&B, com a HQ “Sagrado Coração da Terra” apenas. Depois pelo meu selo Excelsior Quadrinhos, de webcomics, vieram Panteão (super grupo), Rasga-Mortalha e Alma, publicados no site NHQ. De forma impressa, na revista Prismarte 50 e 52, publiquei Panteão (Ninho de Cobras) e Rasga-Mortalha (Invernos Passados). Em ambos, tentei seguir um estilo de HQ “super-herói”, porém menos pretensiosa e com temas mais identificáveis aos brasileiros, como corrupção política e violência contra mulher.

Fale mais um pouco sobre seu personagem Lobo Guará. 
O Lobo Guará é um herói selvagem, que vive na Amazônia e teve seus genes humanos misturados com o animal que lhe dá o nome. Protetor da floresta e de seus habitantes, é visto pelos indígenas como um Deus, por vezes confundido pelos caçadores com o Caipora. Também tem influências da mitologia indígena brasileira, FC e no livro “Meninos do Brazil”,de Ira Levin. A idéia é proporcionar ao público jovem, uma alternativa de super-herói com qualidade de produção, que com certeza, fez e faz sucesso em todo Brasil. Está na lista de tarefas voltar com ele, com uma forma nova de ver. Aguardem.

A algum tempo atrás vi uma amostra dele como desenho animado. O projeto vingou? 
Não vingou porque o animador/diretor queria fazer muitas mudanças e não estava sendo responsável, querendo fazer mais por hobby do que investimento.

Você também cogitou publicá-lo lá fora. Como anda esse projeto? 
Ele está em espera, para breve. Já está com o arquivo na gráfica Ka-Blam, dos EUA. Será Impressão Por Demanda. Aguardem...

Como você conseguiu entrar no concorrido mercado dos comics? 
Eu havia começado com ilustrações de RPG, na Mongoose Publishing. Eu mesmo entrei em contato com várias editoras deste segmento e tinha um agente pra ajudar nos pagamentos. Este agente era famoso por dar calotes nos desenhistas de quadrinhos e quase entro na dança também, não fosse minha insistência em cobrar (risos). Fiz entre 2003 e 2004. Além da Mongoose, para este segmento, também fiz ilustrações para Elemental Lands e Goodman Games. Na arte-final, tive o prazer de ter Josival Pereira, talentoso quadrinhista e ilustrador da Paraíba, além de grande amigo.

Qual trabalho pros EUA você mais gostou de fazer? 
Death Squad, para Argo Comics. O editor, Dan Sehn, é uma ótima pessoa e honesto. Valoriza o artista e o respeita.

Pra quais editoras você já trabalhou? 
Death Squad e Paladins (Argo Comics), Archers Team (Chameleon Studio, apenas uma Pin-Up pra um evento de HQ nos EUA e ainda levei calote), Satan’s Fawn (Chiamera Comics, uma mini-série de 4 edições que desenhei apenas 1 edição, que sumiram sem nem me pagar) e capas para Nuclea, Wyldfire e D-Frost (12 Comics).

Depois de algum tempo você se “desencantou” com os comics e se voltou pra publicidade. Qual o motivo? 
Muita exigência dos editores americanos e pouca remuneração. Atualmente, estão valorizando mais, o que quase me faz pensar em tentar novamente. Não sou do tipo que fica extasiado por estar publicando nos EUA. Pra mim, é trabalho apenas, mais um cliente. Não tenho aquele vislumbre que muitos tem, nem paciência pra fazer inúmeros testes. Não tenho ambição de ter de me matar pra publicar na Marvel ou DC, fazer carreira. Prefiro uma vida mais tranqüila, fazendo design ou desenhando ilustras, mesmo ganhando menos. É importante pra mim ter tempo pra família, amigos, lazer, ler livros, Hqs... e fazer HQ toma MUITO tempo, o artista não tem feriado, não tem final de semana... não quero isso pra mim!

Qual material você usa pra trabalhar? E qual você não recomenda? 
Gosto do Canson 60 gr pra desenho e do Bloco Padrão pra HQ, com aquele papel mais acetinado. Lápis HB,Lapiseiras HB e 2b, com minas 03, 05 e 07. Só faço A3 quando necessário.

Quais artistas nacionais você tem como ponto de referência? 
Renato Silva, Edmundo Rodrigues,Eugênio Colonesse, Seabra, Mozart Couto, Watson Portela, Arthur Garcia, Hector Gómez Alisio, Joe Bennet, Mike Deodato, Ivan Reis, Eddy Barrows, Al Rio, Adriana Melo, Ely Barbosa, Cedraz, Aluir Amâncio, Rogério e Ridaut (os 3 que faziam a revista do Senninha), Lan, Laerte, Bira Dantas.

Você é um dos grandes entusiastas do quadrinho nacional. Explica pra gente o selo Excelsior Quadrinhos. 
Existe o Excelsior Quadrinhos, que surgiu publicando no site NHQ, voltado pra Brasil e o Excelsior Comics, voltado para os EUA. No “Excelsior Quadrinhos”, viso publicar super-heróis brasileiros criados por mim, de forma indie (independente), depois de ter passado pelo formato webcomics, para o mercado brasileiro. Conto com a ajuda de vários colegas quadrinhistas na produção. Já no “Excelsior Comics”, sou editor de séries voltadas para os EUA, começando como webcomics, de forma gratuita, e que, depois, irão ser impressas. Sou autor de uma delas, “City Of Dreams”, com roteiro de Ron Fortier.

Qual o diferencial do seu livro “Super-Brazucas – O Universo dos Super-Heróis Brasileiros”, para o de outros autores que já saíram com o mesmo tema? 
O livro “Super Brazucas- O Universo dos Super-Heróis Brasileiros”, publicado pela editora Ag Books, busca mostrar o universo de ontem e hoje do gênero super-herói brasileiro. Compila as edições 0 e 1 da revista digital “Quadrinhos em Ação”, especializada no segmento, resgatando autores e personagens.

Pra finalizar, tem novos projetos saindo do forno? 
Bom,a edição #1 de 4 de “City of Dreams” esta online de forma gratuita e pretendo em janeiro publicar a edição impressa pra venda, junto com meu mangá infanto-juvenil Eco Teen. Existem outros projetos mas é cedo pra poder falar. Apenas peço que aguardem...




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